segunda-feira, 1 de março de 2010

Somos família

Fundamentação do Programa de Promoção de Competências Parentais

A importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos tem apresentado um papel importante no desempenho escolar. O diálogo entre a família e a escola, tende a colaborar para um equilíbrio que conduz ao sucesso académico.
A Educação Parental, conceptualizada como uma intervenção que engloba serviços disponibilizados ao nível dos sectores público e privado, a mães e pais de diversos níveis socioculturais e económicos, de natureza educativa e preventiva, ou como resposta a situações de crise, tem sido alvo de um interesse crescente, quer a nível internacional, quer designadamente no nosso país.
Deste modo, quando se fala de intervenções preventivas focadas nos pais falamos de educação de pais ou de educação parental.
Actualmente, a educação de pais começa a ser concebida como um “conjunto de actividades educativas e de suporte que ajudem os pais ou futuros pais a compreenderem as suas próprias necessidades sociais, emocionais, psicológicas e físicas e as dos seus filhos e aumente a qualidade das relações entre eles”. O grande objectivo é optimizar a qualidade das relações entre pais e filhos (Gaspar, F., 2003).
O presente projecto tem por objectivo implementar um programa de Educação Parental. Este programa integra conceitos dos modelos teóricos reflexivo e adleriano, bem como de algumas abordagens que se enquadram no âmbito da Psicologia Positiva, especificamente nas temáticas do optimismo e estilo explicativo, inteligência emocional e bem-estar subjectivo. Espera-se desta forma que o programa tenha um impacto positivo junto das figuras parentais nas seguintes áreas: auto-estima; expressão de sentimentos positivos e auto-regulação de sentimentos negativos; atitudes de optimismo perante as dificuldades/adversidades e perante a vida/as pessoas.
As recentes mudanças ocorridas na estrutura social e familiar, têm vindo a constituir-se como factores que incentivam o desenvolvimento de iniciativas de intervenção neste domínio, em virtude dos desafios que acarretam para o desempenho das funções parentais nos dias de hoje. Também os contributos teóricos da Psicologia, concretamente nas áreas de estudo das relações precoces e dos estilos parentais, bem como da importância da família para o desenvolvimento e equilíbrio infanto-juvenil, vêm encorajar o crescente investimento nesta área de intervenção.
A cultura educacional em que actualmente vivemos parece definir-se por características como o desânimo, o negativismo, o pessimismo e a pressão para o sucesso. O aumento da competitividade e de um sentido de individualismo, bem como o agravamento de fenómenos como o desemprego, abuso de substâncias, violência, doenças sexualmente transmissíveis, abandono escolar, são factores que caracterizam a sociedade actual, e que sem dúvida trouxeram implicações para a forma como actualmente se educam as crianças. A esses aspectos estão associadas alterações na estrutura familiar, designadamente o acréscimo de situações de divórcio e de famílias monoparentais e reconstruídas, assim como a falta de apoio intergeracional, que vieram igualmente repercutir-se na educação dos seres mais jovens (Marujo & Neto, 2000). De facto, as mães e os pais, quer queiram ou não, quer estejam ou não conscientes desse facto, são agentes activos da formação da criança, e preparam-na, melhor ou pior, para a vida. Contudo, quando a criança nasce, não traz consigo um livro de instruções.
Poderá, efectivamente, constituir-se como uma incógnita para as figuras parentais o saber como estimular a maturação física ou o desenvolvimento psicológico da criança, e transformar um ser frágil e dependente num adulto equilibrado, autónomo e feliz (Marujo, 1997).
O desenvolvimento de iniciativas de Educação Parental poderá, pois, possibilitar respostas à desorientação que as figuras parentais eventualmente possam sentir, bem como contribuir para dissipar o tom emocional negativo que caracteriza o actual clima educacional.
Desta forma, este projecto de intervenção ao nível da prevenção, foca-se de forma privilegiada nas dimensões cognitiva e afectiva das funções parentais, no sentido de prevenir práticas parentais pouco eficazes. Destina-se à população de pais em geral, independentemente das suas capacidades parentais. No entanto, também podem ter como alvo populações específicas, como pais adolescentes, pais adoptivos ou pais de nível socioeconómico carenciado, uma vez que estas populações se encontram em maior risco de desenvolver comportamentos abusivos e negligentes para com as suas crianças (Dore & Lee, 1999).
Optou-se pelo formato de grupo neste projecto, uma vez que esta modalidade apresenta algumas vantagens, nomeadamente: revela-se mais eficaz a nível de custos; proporciona maiores possibilidades de apoio social, mediante a partilha de conselhos e ideias; permite aprender com a experiência dos outros; promove a resolução mútua de problemas. Porém, deve ressalvar-se que este formato não é isento de limitações, uma vez que implica um grande dispêndio de tempo na organização e preparação dos materiais e do equipamento necessários; por outro lado, pode tornar mais difícil a disponibilização de uma atenção individualizada, adequada às necessidades dos vários membros do grupo, para assim manter a motivação para a participação na intervenção (Iwaniec, 1995; Wolfe, 1991 citados por Iwaniec, 1997).
A promoção de estilos parentais socializadores e altruístas conduz ao sucesso no desempenho académico. De acordo com (Silva, 2003) a família enquanto núcleo é bem mais importante que o nível socioeconómico na influencia sobre o sucesso académico das crianças e jovens. Ainda o mesmo autor refere que o envolvimento dos pais neste âmbito é duas vezes mais preditivo do que a classe social de origem.

Psicóloga Paula Caleça

Sem comentários:

Enviar um comentário